INCANSÁVEL BUSCA
A INCANSÁVEL BUSCA
Há uma semana que não a via; sabia que houvera e que por certo há. Ficar esperando para vê-la ou sair a procurá-la? Na indefinição, abri a janela e o sol, ainda meio encabulado, resolvera dar as caras. Estivera enfurnado por mais de uma semana; atrás das nuvens era a mais perfeita tradução do obnubilado. Como ele, decidido, resolveu aparecer, também saí por aí.
Saí por aí certo de que a reencontraria. Comecei pela Beira-Rio; era o lugar mais apropriado para os primeiros passos, pois o cenário por si só é um convite para reencontros. A placidez das águas do Rio Itajaí-Açu, no Saco da Fazenda (uma espécie de enseada), com pequenos barcos ancorados, os bancos na calçada e os casais passeando, compõem o teatro onde, certamente, ela desfila. Mas ali não a encontrei.
Na caminhada cheguei até o Mercado do Peixe. No espaço entre o velho Mercado e a nova construção, o agito das pessoas entre o som da banda e o corre-corre dos garçons. Encontrei uma mesa e com os olhos visitei cada grupo, me detive em cada face e não a encontrei. Saí, decidido, porém, a continuar minha caminhada. Vaguei pela Beira-Rio em direção ao porto. Na estação de embarque do ferry-boat fiquei olhando as pessoas à espera do próximo barco para voltar para casa ou passear por Navegantes. Não... Também não estava por ali o que tanto procurava. Como sua ausência nos últimos dias ficara rondando minha cabeça, pousando a cada música ou frase ouvida no corujar das rádios, assim como uma espécie de velcro difícil de separar, não podia desistir da busca.
Fui em frente. Lembrei-me do convite que recebera do amigo Foguinho para a inauguração, daqui a alguns dias, de seu espaço que terá boa música e ampla carta de bebidas. Resolvi passar por lá e talvez num bate-papo pudesse encontrar a pista para alcançar o que desejava. Chego e o encontro saindo, na correria para compras, pois a data de inauguração já se faz próxima. Estava ali um conhecido, o Setti, acompanhado de duas amigas – Rafaela e Lella -, em volta de um baldinho de cervejas geladas. Fui me achegando e em pouco tempo a conversa corria leve e solta. Até me esquecera dela. Ou melhor, da busca por ela.
Lá pelas tantas, Setti, bom tatuador de Itajaí, falou para uma de suas amigas – pega o violão e anima a roda. Não coloquei muita fé e pensei: pronto! Lá vem pagodão e sertanejo universitário! A menina voltou – sim, toda a aparência de uma menina! e começou o desfile de boa música. Na hora, de orelhas em posição de sintonia fina, tracei a paralela: boa conversa, cerveja gelada e música como gosto – não pode dar errado: finalmente a encontrei! Ali estava inspiração que desejava! Na voz da menina que se mostrou mulher de voz apurada e ritmo de mexer com o corpo.
Essa paralela estava reunida numa voz, no seu repertório... Encontrara, finalmente, a inspiração buscada e esperada e a crônica surgiu “para Lella Strobelt, sua voz e seu violão bem batido”.
Vai lá, Curta e acompanhe-me! Abs
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Zaga Mattos
Enviado por Zaga Mattos em 14/01/2018