CADÊ O NATAL?
Ando confuso. Talvez ainda não tenha me acostumado à nova vida. Reflexo da aposentadoria? Talvez! Ou seria a mudança total nos meus conceitos de viver? De algumas alterações decorrentes do provento previdencial? Com aquilo que a linguagem burocrática denomina de “Benefício”. Talvez estejam certo em denominá-lo dessa forma, pois, afinal, só mesmo quem não foi previdente fica a depender da previdência. Não fez como a formiga? Ficou dando uma de cigarra por aí? Então, tá! Leva esse benefício para não sair por aí dizendo que não estamos seguindo o que nos ensina o Aurélio... “Vai ter esse “benefício, favor, graça...” todo mês. Mas não cometa exageros!”.
Para seguir ao pé da letra a recomendação, mudei de vida! E sabe de uma coisa? Estou gostando! Comecei a ver valores naquilo que se costuma dizer de “somenos importância”. É só aplicar uma regrinha básica de o bom viver: é preciso valorar melhor o que você tem na mão. Ou seja, fora do economês seria: “se lhe é dado um limão, faça uma limonada”. Assim tirei das minhas preocupações, por exemplo, as altas dos combustíveis, IPVA, pedágio... Minha CNH (para seguir a onda das siglas) venceu há quatro anos. E daí? Fui para aonde desejava ir... Curti a paisagem, conversei com pessoas e antes de embarcar tomei a saideira. Engraçado... O tipo faceiro ao meu lado não me olhou enviesado! Como se vê, além de rima foi uma boa solução.
Voltando à vaca fria (há quanto tempo você não via esta expressão?), estou confuso. Vejo pelas redes sociais votos de Boas Festas, Papais Noéis deslocados no cenário tropical... E pergunto: quando será o Natal? Sei que é no dia 25... Mas quando? Amanhã, depois da manhã ou daqui a dez dias? Pensei que fosse há três meses e até cogitei em retirar do baú uma toalha decorada, que uma agência de publicidade me deu (talvez acreditando que estaria me recompensando por ter indicado seu nome a um cliente de assessoria de imprensa... O uso do cachimbo faz a boca torta e pensaram que estavam lidando com algum responsável por licitação pública). Que nada, o panetone à venda no supermercado era uma investida do fabricante nesse nicho de consumidores: os fanáticos por panetone que não têm paciência de esperar pelo Natal.
Sinceramente, estou perdido! Como que já estamos pertinho do Natal e eu ainda não ouvi a voz da Simone em nenhuma caixa de som de porta de loja? E cadê o novo sucesso do Roberto Carlos que sempre foi destacado em seus shows de final de ano?
Decididamente, não só eu quem mudou... Também o Natal já não é mais como antigamente!
www.facebook.com/cronicas.zagamattos